Todos nós grampeamos em nossas vidas pessoas, objetos, lugares, lembranças e emoções. Nessa caminhada só depende de nós a decisão de deixá-las unidas ou livrar-se delas...
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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna:
- Durante a leitura do poema "Os Sapos",
de Manuel Bandeira (leitura feita por Ronald de Carvalho), o público presente
no Teatro Municipal fez coro e atrapalhou a leitura, mostrando desta forma a
desaprovação.
- No dia 17 de fevereiro, Villa-Lobos fez uma
apresentação musical. Entrou no palco calçando num pé um sapato e em outro um
chinelo. O público vaiou, pois considerou a atitude futurista e desrespeitosa.
Depois, foi esclarecido que Villa-Lobos entrou desta forma, pois estava com um
calo no pé.
Os Sapos
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não
foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não
foi!".
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" -
"Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922.
A Semana, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de
1922, foi à explosão de ideias inovadoras que aboliam por completo a perfeição
estética tão apreciada no século XIX. Os artistas brasileiros buscavam uma
identidade própria e a liberdade de expressão; com este propósito,
experimentavam diferentes caminhos sem definir nenhum padrão. Isto culminou com
a incompreensão e com a completa insatisfação de todos que foram assistir a
este novo movimento. Logo na abertura, Manuel Bandeira, ao recitar seu poema Os
sapos, foi desaprovado pela plateia através de muitas vaias e gritos.
Embora tenha sido alvo de muitas críticas, a Semana
de Arte Moderna só foi adquirir sua real importância ao inserir suas ideias ao
longo do tempo. O movimento modernista continuou a expandir-se por divulgações
através da Revista Antropofágica e da Revista Klaxon, e também pelos seguintes
movimentos: Movimento Pau-Brasil, Grupo da Anita, Verde-amarelíssimo e pelo
Movimento Antropofágico.
Todo novo movimento artístico é uma ruptura com os
padrões utilizados pelo anterior, isto vale para todas as formas de expressões,
sejam elas através da pintura, literatura, escultura, poesia, etc. Ocorre
que nem sempre o novo é bem aceito, isto foi bastante evidente no caso do
Modernismo, que, a principio, chocou por fugir completamente da estética europeia
tradicional que influenciava os artistas brasileiros.
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