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domingo, 20 de fevereiro de 2011

QUANDO TODA PROFISSÃO ERA ARTE.






Alfredo Volpi nasceu em Luca, na Itália, em 1896 e faleceu em São Paulo em 1988. Embora tenha vindo ao Brasil, com seus pais, com apenas um ano e meio, e ainda que tornando-se o mais brasileiro entre todos estrangeiros, jamais naturalizou-se, usando até a morte a cidadania italiana e mantendo-se fortemente ligado à Itália, não apenas por laços de sangue, mas por uma admiração muito grande -- podemos dizer até, babosa -- pelos mestres pintores de sua terra natal.

Sua vida no Brasil não foi fácil. Filho de operários imigrantes, operário também se tornou. Numa época em que toda profissão tinha um toque de arte, tentou a vida como carpinteiro, entalhador de móveis, encadernador e, por fim, pintor de paredes.

Os serviços manuais, por aquele tempo, não tinham nada da simplificação de hoje em dia. Um pedreiro sabia dar um bom acabamento ao exterior, firmando estatuetas em nichos ou moldando baixos relevos na parede, para gravar ao fim o ano de construção em algarismos romanos, como se esta gravação representasse sua própria assinatura.

Por outro lado, um simples construtor de carroças ou charretes precisava dar um trato pictórico nelas, antes de entregá-las ao consumidor final. E a carroçaria de um caminhão recebia toda série de complicados arabescos, antes de ser dada como pronta. Outro grande pintor, Sylvio Pinto (1918-1997), começou sua vida pintando carroças.

Pois foi juntando o dom da pintura à necessidade de sobrevivência, que Volpi, depois de tantas tentativas frustradas para encontrar uma profissão estável, tornou-se pintor: um pintor de paredes, despejando sobre elas as idéias que giravam em sua mente, decorando cada parede segundo o gosto do freguês.

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