Pesquisar este blog

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Uma aula de Arte Afro-brasileira

Objetivos:

 1) Estudar a cultura afro-brasileira a partir de sua influência na obra de Mestre Didi.
 2) Produzir uma obra a partir de um conto, utilizando os mesmos materiais propostos pelo artista. 

Comentários:

 A Lei nº 10.639 de 2003 obriga os professores a trabalharem a cultura afro-brasileira em sala-de-aula. Com essa aula, será possível unir história oral e cultura material africanas, e sua influência nas obras de um dos artistas brasileiros mais importantes, Mestre Didi. Material: O texto http://educacao.uol.com.br/artes/arte-afro-brasileira-mestre-didi, é um ótimo ponto de partida para essa aula.

 Para a execução da obra:

- palha - búzios
- fitas coloridas
- miçangas coloridas
- papel cartão de várias cores
- retalhos de tecidos coloridos
- argila ou massa de modelar
- cola quente.

 Estratégia:

 1) Leitura e interpretação do texto.
2) Leitura e interpretação de obras de arte de Mestre Didi.
3) Leitura de contos africanos. Atividade: A partir da interpretação de uma história contada oralmente, os alunos devem esboçar um desenho que represente um personagem ou elementos da história narrada. A seguir, tendo como base o esboço, compor a escultura. É importante que o professor ajude os alunos a se familiarizarem com os materiais, especialmente a palha, propor que os alunos encontrem soluções para que ela fique firme, por exemplo, apoiando-a numa estrutura feita com argila ou papel cartão. A estrutura da escultura deve ser de palha, de modo que, assim que estiver pronta, ornamentar com búzios, miçangas, papel colorido etc., para que represente o personagem ou elemento da narrativa. Apresentação dos trabalhos.

Sugestões:
1) Interdisciplinaridade com Geografia, Português e História.
2) Os alunos podem pesquisar contos africanos.
3) Com crianças menores, é possível propor a construção de uma escultura em grupos, ou ainda, propor a confecção de bonecos, para encenar o conto.

 Por Valéria peixoto de Alencar
é historiadora formada pela USP e Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. É uma das autoras do livro Arte-educação: experiências, questões e possibilidades (Editora Expressão e Arte).

Mestre Didi, o artista sacerdote

Como escultor, escritor, ensaísta e curador, Deoscoredes M. dos Santos, ou Mestre Didi, de 83 anos, é um representante da cultura afro-brasileira. Como sumo sacerdote do culto aos ancestrais Egungun, Didi é o interlocutor entre os vivos e os mortos. Se, por um lado, sua arte é um feixe de luz sobre mitos e tradições ancestrais, sua palavra permanece sob um invólucro de santidade. “Ele fez um juramento que lhe privou de falar em público, fora do recinto religioso. O seu dizer não pode ser deturpado”, explica sua esposa, a antropóloga Juana Elbein dos Santos, designada sua porta-voz.

 A sabedoria do baiano Mestre Didi é transmitida efetivamente via uma extensa produção de esculturas – que lhe rendeu reconhecimento internacional como um artista de vanguarda. Suas obras fazem parte do acervo do Museu Picasso, em Paris, do MAM de Salvador e do Rio de Janeiro, entre vários outros museus estrangeiros. Atualmente, seu trabalho pode ser visto na Mostra do Redescobrimento e em uma exposição individual na Galeria São Paulo. Suas formas confeccionadas com contas, búzios, renda de couro e folhas de palmeira são inspiradas em mitos,lendas e objetos de culto aos orixás. Sua iniciação – à arte e à religião – se deu ainda menino, aos oito anos.

 Começou fazendo entalhes em madeira, depois vieram os “exus” esculpidos em cimento e barro. Aos 29 anos publicou o primeiro livro, Tal Qual se Fala com prefácio de Jorge Amado e ilustrações de Carybé. Outros 20 livros se seguiram, entre histórias de terreiros e contos da tradição negra da Bahia. Mas Mestre Didi sempre julgou a palavra escrita insuficiente na transmissão de conhecimentos. “No começo dos anos 80 tivemos uma comunidade infantil onde Didi escrevia e encenava peças de teatro, ensinava canto, dança, maquiagem. Não existe dicotomia entre as artes”, diz Juana. “Todos os contos afro-brasileiros são cânticos. Foram feitos para serem ouvidos, cantados e dançados”, completa ela. É por isto que Mestre Didi também é conhecido como um artista integral, “um renascentista da cultura nagô”.


By Paula Alzugaray (UOL)

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A ARTE DE ENGANAR - BORIS CASOY


O uso da emoção é um dos instrumentos mais comuns nas campanhas eleitorais. 
Quanto menos informada é a população de eleitores, mais a emoção é eficaz para conseguir votos. Embora isso seja pouco ou nada mais divulgado, no Brasil a tentativa de envolver as emoções no turbilhão eleitoral é, provavelmente, a ferramenta mais importante de uma campanha. 

Cerca de 70% dos eleitores brasileiros não têm o primeiro grau completo. Na visão dos políticos, dos publicitários e especialistas que dirigem campanhas eleitorais, é bem mais prático influenciar essas pessoas usando sua emoção do que a razão. Mostrar as dificuldades reais do país através de estudos técnicos, apresentar gráficos, discutir opções teóricas de caminhos a serem seguidos e propor planos de governo reais, tudo isso é considerado totalmente sem efeito, inútil, por aqueles que dirigem campanhas eleitorais.
Qual foi, então, a solução encontrada para essas campanhas? O uso da emoção, dos sentimentos humanos. Para isso nada mais apropriado que o uso da televisão. Um discurso flamejante, teatral, humano, fraternal, igual, salvador, uma música envolvente com letra heróica e uma seqüência estudada de imagens cinematográficas que mexem com a alma; essa é a fórmula básica da conquista de votos no Brasil. Nesta campanha o uso da televisão foi limitado. Não poderão ser usadas as caríssimas produções que buscavam mexer com a alma humana. Basicamente, os candidatos vão ter que se dirigir pessoalmente aos eleitores, sem imagens produzidas. Vai ser mais difícil, mas certamente vão ser usadas ao máximo as técnicas que buscam tirar proveito da emoção.
Mas não é só emoção. No Brasil ela funciona junto com alguma coisa que pode parecer racional ao eleitor. Na maioria das campanhas para presidente, governador e prefeito, são feitas pesquisas entre os eleitores, verificando quais são seus principais anseios e desejos. Por exemplo: um candidato a governador verifica que seus possíveis eleitores têm como prioridade a habitação. A partir dessa constatação toda a parte aparentemente racional da campanha será dirigida basicamente para esse tema. Se na pesquisa os eleitores demonstram que querem eleger um candidato que combata a corrupção, dá-lhe discurso contra a corrupção. A técnica é trabalhar com as emoções e com os anseios. A verdade pouco importa.
Como os orçamentos públicos são sempre menores do que o eleitor quer, os candidatos são aconselhados a prometer, sem tocar na questão dos recursos. Não há pudor: se promete tudo. E num pacote de emoção e promessas, evidentemente acompanhadas de críticas à atual situação, se arrancam os votos. Com a certeza de que, depois, ninguém vai cobrar as promessas. Há até quem diga que promessa eleitoral não deve ser cobrada porque não é para valer.
É claro que nisso tudo há exceções. Mas são poucas.
Se todos nós voltássemos com mais razões e menos emoção, procurando ver o que representam e quem são realmente os candidatos, o que eles fizeram e falaram no passado, certamente teríamos um Brasil melhor. Mas esta é uma outra história que fica para uma outra vez.