A SEMANA DE ARTE MODERNA


Na verdade, existia um artista, Eliseu Visconti (1866-1944),
que além de pintor de grandes méritos, demonstrara afinidades com outras
linguagens, como o Art Nouveau que predominou naEuropa de 1890-1910,
principalmente no mobiliário e objetos utilitários, através de peças
decorativas, na verdade as primeiras criadas por um artista brasileiro a
nível industrial. Um pioneiro, portanto, do que mais tarde seria
conhecido como Desenho Industrial.
Mas onde Visconti inovou mesmo foi na execução das pinturas do
foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1913, que conclui em
1916, sendo considerada uma de suas obras-primas. Anteriormente (1908), o
artista já havia pintado o pano- de-boca da mesma casa, tendo comotema A
Influência das Artes na Civilização, causando grande controvérsia.
Nas pinturas do teto e das paredes do Theatro Municipal, uma
grande realização do então prefeitoPereira Passos, Eliseu Visconti
empregou pela primeira vez as
pinceladas
impressionistas entre nós, pinturas de efeitos diáfanos, de cores
suaves, nas quais contou, entre outros colaboradores, com os pintores
Marques Jr. e Henrique Cavalleiro. Esse último, posteriormente, viria a
se casar com a filha do mestre, Ivone Visconti Cavalleiro, que se
revelaria igualmente excelente pintora dentro dos mesmos
cânonespreconizados pelos pintores franceses nos meados do século 19.

Ressalte-se ainda que outros pintores brasileiros ligados ao
academicismo e à Escola de Belas Artes, como Georgina de Albuquerque,
Almeida Jr., Batista da Costa, Belmiro de Almeida (autor da pintura
Mulher em Círculos, datada de 1921, com preocupações cubistas) e Marques
Junior, entre vários outros, já encaminhavam seus trabalhos para o
impressionismo.
O fato, porém, de estarem veiculados à Escola Nacional de Belas Artes, como antigos alunos e professores, talvez seja a razão pela qual não foram sondados para se alinharem aos seus colegas do movimento paulista de 1922 na procura de atualizar a arte brasileira em relação às linguagens que já se espalhavam mundo afora.
O fato, porém, de estarem veiculados à Escola Nacional de Belas Artes, como antigos alunos e professores, talvez seja a razão pela qual não foram sondados para se alinharem aos seus colegas do movimento paulista de 1922 na procura de atualizar a arte brasileira em relação às linguagens que já se espalhavam mundo afora.
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Ainda mais porque, em 1913, os Estados Unidos já tinham
aderido à pintura contemporânea através da realização do Armory Show, a
mega exposição que incluiu obras de Duchamp, Picasso, Picabia, Monet,
Cézanne, Archipenko, entre tantos que estavam fazendo a moderna história
da pintura.
Por sinal, na exposição de 1922, Anita Malfatti comparecia
com as mesmas obras que apresentara anteriormente na sua primeira
exposição individual, em 1917, realizada em São Paulo sob o estimulo de
Di Cavalcanti, com 53 trabalhos de pintura e gravura, para muitos o
estopim da semana modernista.

A mostra de Anita Malfatti só não passou em brancas nuvens
devido ao polêmico artigo assinado pelo escritor Monteiro Lobato no
jornal O Estado de São Paulo, conhecido como “Paranóia ou Mistificação”.
Nele, o criador de Jeca Tatu e um dos mais respeitados escritores
nacionais da época, condena as deformações expressionistas da pintora,
embora reconhecendo seu talento.
Intelectuais, como Mário de Andrade (1893-1945), cujo ideário
nacionalista e incentivador de propostas modernistas em todos os
setores da cultura brasileira, por exemplo, aplaudiram as estimulantes
inovações da pintora com palavras encorajadoras.

A Semana de Arte Moderna, porém, foi importante foco inicial
da discussão em torno da arte no Brasil e seu atraso em relação à arte
mundial nos primórdios do século 20. Sem uma tradição, os nossos
artistas acadêmicos, quando premiados nos Salões de Arte instituído sob a
chancela paternalista do governo imperial na Academia de Belas Artes,
viajavam à Europa não em busca de inovações, que nem queriam e nem
notavam, porém para aperfeiçoar a técnica, de acordo com a estética do
neoclassicismo em voga no país.

Indiscutivelmente, dois manifestos contribuíram para
preservar
as idéias da semana modernista: Poesia Pau Brasil e Antropofágico,
lançados em1924. Oswald de Andrade, paulista de nascimento, que redigiu
os manifestos, foi uma das figuras mais controversas e anárquicas do
período. Poeta, romancista, crítico, jornalista, escritor, dramaturgo – O
Rei da Vela, uma de suas peças é considerada das mais instigantes obras
do moderno teatro brasileiro - e, principalmente, agitador no bom no
sentido da palavra, já tivera contato na Europa com as transformações
que se sucediam no campo das artes e ficara bastante impressionado com
as teorias do Futurismo e seus manifestos iconoclastas divulgados a
partirde 1909, exaltando a velocidade e os motores como símbolos da
arte do nosso tempo, enquanto repudiavam os museus, as bibliotecas e as
estatuárias greco-romanas como anacrônicas em relação ao automóvel e ao
avião.


Portanto, não é por acaso que os reflexos da Semana de Arte
Moderna tenham provocado Oswald de Andrade a buscar novas motivações que
não fossem apenas polêmicas mas, sobretudo, que despertassem no artista
brasileiro um passo avançado dentro da própria realidade nacional que o
cercava.
Nesse particular, a presença da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973) foi decisiva.

É bom assinalar que Tarsila não estava em São Paulo quando da
realização da semana modernista; dela tomara conhecimento através de
correspondência com Anita Malfatti. Mesmo longe do Brasil, a reação de
Tarsila não podia ser outra, a não ser de apoio incondicional a esse
movimento.

Pinturas como A Negra, A Cuca, Morro da Favela e Carnaval em
Madureira, serviam ao conteúdo do manifesto, que se consolidaria com a
viagem de Tarsila a Minas Gerais e ao Rio de Janeiro. Em companhia de
Oswald e Mário de Andrade, que nem sequer eram
parentes,
embora com o mesmo sobrenome, do poeta francês então no Brasil, Blaise
Cendrars, Olívia Guedes Penteado,Godofredo da Silva Teles e René
Thiollier ela não somente se encantaria com a paisagem e o trabalho de
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814), cuja valiosa obra
barroca estava à espera de uma descoberta a nível nacional, como
reformularia toda a sua pintura com o que ela denominava cores caipiras:
os inusitados tons, como o rosa, principalmente, das fachadas das casas
interioranas mineiras. Como ela própria confessava “...encontrei em
Minasas cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias
e caipiras. Segui o ramerrão do gosto apurado. Mas depois vinguei-me da
opressão, passando–as para as minhas telas...”

O segundo manifesto, denominado Antropofagia, veio a lume em 1928,
no mesmo ano que Tarsila do Amaral presenteia Oswald de Andrade, com
quem se casara, com a tela O Abaporu, que na linguagem indígena
significa antropófago.

O Manifesto Antropofágico seria publicado no primeiro número
da Revista de Antropofagia, dirigida pelos escritores Antônio de
Alcântara Machado e Raul Bopp, ambos de tendência modernista.
Ressalte-se que Bopp era o autor do célebre poema Cobra Norato, um dos
marcos da nova poesia brasileira.

O manifesto era datado de Piratininga, Ano 374 da deglutição
do Bispo Sardinha. Uma alusão em tom gozativo ao célebre episódio da
história do Brasil sobre a captura e morte do 1º Bispo do Brasil,
trucidado pelos indígenas na costa brasileira.
DI CAVALCANTI, PORTINARI, ISMAEL NERY

Grande incentivador da renovação da arte brasileira, Emiliano Di
Cavalcanti, ideólogo da Semana de Arte Moderna de 1922, um ano após a
sua realização, viajou para Paris em busca de novos horizontes. Na
capital francesa, entre a pintura e o estudo (na Academia Ranson),
freqüentou os ciclos boêmios e intelectuais locais integrados por
músicos, poetas e artistas plásticos.
Um deles, Pablo Picasso, teria grande influência na obra futura de Di Cavalcanti, por ele mesmo confessada.
Em 1924, o pintor nascido no Rio de Janeiro, no bairro de São
Cristóvão, regressa ao Brasil para iniciar uma das mais fundamentais
obras da arte brasileira de todos os tempos. Principalmente porque unia
os conhecimentos técnicos absorvidos durante a estada parisiense e em
visita aos grandes museus, conseqüentemente, em contato com os mestres
da pintura, a uma noção de brasilidade rara num artista nacional da
época.

A observação de Mário de Andrade é exata. Nenhum outro pintor
brasileiro chegou tão perto da nossa alma popular. A figura da mulata é
símbolo da malemolência da nossa nacionalidade interpretada por um
artista que amava viver em todos os sentidos. Sua obra abrange outros
motivos, ao mesmo tempo brasileiros e cariocas, como o carnaval, os
sambistas, as mulheres das noites da Lapa (famoso bairro boêmio carioca
que inspirou inúmeros compositores), impregnadas de sensualidade. Como
ele próprio afirmava “a nossa arte tem de ser como a nossa comida, o
nosso ar, o nosso
mar.
Tem de ser reveladora de nossa cultura, pois a boa arte é sempre
cultural, e sua dimensão própria é a de antecipar um momento cultural”.

Di Cavalcanti também foi um dos primeiros artistas nacionais a
encarar o desafio do mural. Nesse particular foi influenciado pelos
pintores mexicanos. Enquanto esses pintavam em função da Revolução
Social Mexicana, que exaltavam social e politicamente, em grandes
dimensões, Di Cavalcanti, ao contrário, derramava-se em brasilidade em
temas que enfocavam, desde os nossos episódios históricos mais
conhecidos, como A Chegada de D. João VI ao Brasil, às sensuais
paisagens em que transmitia amor e admiração ao nosso povo e nossa
gente. Mais Brasil, impossível.

Para isso muito contribuiu a força do seu desenho que, aliada à
pintura e temas que são, na realidade, retrato sem retoque do homem
brasileiro, Portinari com a dramaticidade de suas vigorosas figuras,
obteve reconhecimento e acolhida calorosa interna e externamente que
nenhum outro pintor brasileiro teve até à atualidade.
Nascido de pais italianos, menino pobre, logo se destacou pelo
desembaraço com que encarava a arte, a ponto de ainda adolescente
tornar-se auxiliar de um grupo de pintores de sua cidade, incumbido de
decorar a Matriz de Brodósqui.
O passo seguinte de Portinari foi transferir-se para o Rio de
Janeiro, então capital do país, em 1918, para freqüentar a Escola de
Belas Artes, tendo sido seus professores Lucílio de Albuquerque, Rodolfo
Amoedo e Batista da Costa. A partir de 1922, começou a participar do
Salão Nacional de Belas Artes conquistando sucessivamente Medalha de
Bronze (1923), Medalha de
Prata
(1925) e Grande Medalha de Prata (1927) merecendo, inclusive, fartos
elogios do crítico e professor de história da arte, Flexa Ribeiro. No
período, o retrato era o seu gênero preferido, com boa técnica, mas
ainda com certo resquício acadêmico.

Com o Retrato de Olegário Mariano, poeta muito popular, obteve,
em 1928, o cobiçado Prêmio de Viagem ao Exterior que o possibilitaria
permanecer dois anos na Europa, durante os quais quase nada produz.
Fascinado pelos grandes nomes da pintura,
passa
a maior parte do tempo indo a museus observando, anotando e, sobretudo,
detendo-se na obra daqueles que mais admirava e com os quais sentia
afinidades.

Antes da estada européia, Portinari tendia à linguagem acadêmica,
mas retorna ao Brasil com a pintura totalmente reformulada. A
influência dos grandes pintores mexicanos, Siqueiros, Rivera e Orozco,
cuja obra mural repercutia mundo afora pela força da figura e da
mensagem sócio política a serviço da Revolução Mexicana,provocou impacto
na sua criação plástica. Sua primeira pintura mural data de 1936 para o
Monumento Rodoviário, na antiga estrada Rio-São Paulo.
Convocado pelos arquitetos modernistas, à frente Lúcio Costa,
Portinari pinta vários murais para o edifício do Ministério da Educação,
que era um projeto ousado, inspirado nas idéias do francês Le Corbusier
e marco da arquitetura moderna no Brasil. Em 1939, aceita convite do
governo estadonovista encabeçado por Getúlio Vargas, através do seu
Ministro da Educação, Gustavo Capanema, para realizar pinturas murais no
Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova Iorque.

Uma de suas mais conhecidas tela do período, Café, de 1935,
conquista, nos Estados Unidos, menção honrosa em mostra de arte moderna
promovida pelo Instituto Carnegie de Pittisburgh. A obra, hoje, faz
parte do acervo do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
A
premiação abre-lhe as portas do país norte-americano, onde expôs
individualmente várias vezes, inclusive a convite do governo para pintar
murais na Biblioteca do Congresso, em Washington. Portinari firma seu
nome nacional e internacionalmente e expõe em paises europeus e
sul-americanos com enorme recepção da crítica. Na Bienal do México, em
1958, conquista o Prêmio Ciudad de México.

O conjunto de telas enfocando os retirantes nordestinos, cujo
drama comovia o pintor desde quando ainda morava em Brodósqui, o inspira
a realizar uma das mais contundentes series da pintura brasileira, ao
mesmo tempo pintura na mais alta acepção e denúncia social das mais
vigorosas já executadas por um pintor nacional.
*****



Assim, quando de regresso ao Brasil depois de sua segunda viagem a
França, Ismael Nery introduz o surrealismo entre nós, sendo, portanto,
pioneiro desse estilo onírico que fez a fama de pintores como De
Chirico, Chagal, Salvador Dali e Max Ernest.
Pouco compreendida na sua época, inclusive por críticos e
estetas, a pintura de Nery não teve a divulgação que merecia. Em vida,
ele fez mostras individuais, em Belém e no Rio de Janeiro (1929). No ano
seguinte expôs desenhos e guaches na Studio Nicolas, de conhecido
fotografo carioca. Em todas elas com parcos resultados comerciais.
Primeiro pintor realmente voltado para o surreal no Brasil,
Ismael Nery, era um figurativo nato, auto-retratava-se continuamente,
unido seu perfil ao de sua mulher, a poetisa Adalgisa Nery, em
pinturas carregadas de mistério e lirismo, o que o torna um dos nossos pintores mais originais.

Suas inquietações existenciais, porém, o levavam com freqüência à
poesia e à filosofia em detrimento da pintura. Com o amigo e poeta
Murilo Mendes criou as bases de uma doutrina filosófica, o
Essencialismo, de fundamentos católicos.
Ismael Nery morreu com apenas 33 anos. Vida curta para quem a
arte representava a sua própria essência. Muitos anos depois, a partir
da década de 70, sua obra começou a ser estudada e avaliada pela crítica
de arte e pelo público, que reconheceram o seu talento e valor como um
dos mais importantes artistas da fase pós-moderna.
1930. INOVAÇÕES

C
om
o objetivo de renovar o currículo da vetusta Escola, mormente no que
dizia respeito à Engenharia a fim de adequá-la à modernidade, uma de
suas primeiras iniciativas foi contratar professores e arquitetos
afinados com as novas tendências, como Leo Putz e Warchavchik, o último
autor da primeira casa modernista do país, em 1927, em São Paulo, que
causou celeuma nos meios intelectuais paulistas.



Assim, pintores do Rio e de São Paulo, que antes não tinham chance no evento oficial - Tarsila do Amaral, Gomide, Ismael Nery,
Flávio
de Carvalho, Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro, Portinari, Aldo
Bonadei, Guignard, John Graz, Waldemar da Costa,Cícero Dias, Cardosinho,
Lasar Segall, Vittorio Gobbis, dentre outros - participaram pela
primeira vez do certame.

Como não podia deixar de ser, a gestão renovadora de Lúcio Costa
mexeu com os brios acadêmicos. Professores, pintores e alunos do ensino
tradicionalista, iniciaram forte oposição, inclusive convocando greve
geral, o que culminou com o pedido de demissão do novo diretor.
Também conhecido como Salão Revolucionário pela ousadia e a
confirmação dos valores modernistas em plena evolução, o evento e sua
repercussão, segundo Rodrigo de Melo Franco de Andrade, “no computo
geral, foi superior à Semana de Arte Moderna de 1922 no que diz respeito
à consolidação do modernismo no Brasil”.
CONSOLIDAÇÃO DO MODERNISMO NO BRASIL


No âmbito do Rio de Janeiro, artistas de uma segunda geração de
modernistas, Orlando Teruz, Santa Rosa, Eugênio de Proença Sigaud e,
principalmente, Alberto da Veiga Guignard, lutavam para impor novos conceitosestéticos à pintura.
Nascido na cidade fluminense de Nova Friburgo, Guignard teve
educação artística esmerada, inclusive na Europa, naAcademia Real de
Belas Artes de Munique, Alemanha.


No final dos anos 40 Guignard transferiu-se para Minas Gerais, fundou a primeira escola de arte de BeloHorizonte e, fascinado pelas paisagens de Ouro Preto,Sabará e Mariana, com suas montanhas e igrejasbarrocas, fez delas o motivo
central de sua pintura.

Enos estados, os reflexos da Semana de ArteModerna,lentamente, vão envolvendo os artistas.
Em S
ão
Paulo, forma-se, em 1935, o Grupo Santa Helena, iniciado a partir do
atelier do pintorFrancisco Rebolo Gonzáles, na sala 213 do Edifício
Santa Helena, na Praça da Sé da capital paulista.Formavam ogrupo
ospintores Mário Zanini, Clóvis Graciano,Manoel Martins, Fulvio
Penacchi,
Aldo Bonadei, Humberto Rosa, Alfredo Rizzoti. “Todospintando com idéias
novas nacabeça,querendo fugir ao mau gosto e às deformações reinantes
na arte e com uma vontade definitiva: estudar eaprender pintura”, como
confessaria anos depois opróprio Rebolo.


No mesmo edifício, Alfredo Volpi desenha modelo vivo e passa a
conviver com seus integrantes, aindadistante da linha, forma e cor que
definiriam suapintura, posteriormente, voltada para as
bandeirinhasfestivas e as
fachadas de casas interioranas que sealternam e se multiplicam no espaço
da tela. Tudotão plasticamente Brasil.


No Ceará, cria-se em 1941 o Centro Cultural de Belas Artes e nele
desponta o pintor Antônio Bandeira (1922-1967), que de uma fase inicial
de marinhas e paisagens, acolheria oabstracionismo após radicar-se em
Paris.
Dois anos após, no Salão de Abril, surgem nomes como Aldemir
Martins e Inimá de Paula, pintor mineiroentão radicado em Fortaleza.
Anos
depois, em 1965, Aldemir Martins, conquistaria premiações consagradoras
como desenhista de temasnordestinos naBienal Internacional de São Paulo
(1955) e na Bienal de Veneza (1956), além de Viagem aoEstrangeiro no
Salão Nacional de Arte Moderna(1959).
Em Pernambuco, juntam-se às expressivas contribuições de Cícero Dias e Lula Cardoso Ayres,
as
instalações da Sociedade Moderna do Recife, em 1950. Com elas, a
revelação de artistas de grande garra criativa,como Reynaldo Fonseca e
Francisco Brennand.

Na Bahia, artistas atuantes em Salvador, liderados pelo pintor
Carlos Bastos, o tapeceiro Genaro de Carvalho e oescultor MárioCravo
Júnior,
iniciam
a partir de 1944 a ofensiva modernista baiana que contaria depois
(1949) com o apoio de Lygia Sampaio, RubemValentim, Carybé e
JennerAugusto.

Esse último, sergipano de nascimento, deixara no mesmo anouma
pintura decorativa no Bar Cacique, em Aracaju, marcandohistoricamente o
modernismo em Sergipe.
No Rio Grande do Norte, em 1951, três artistas, Dorian Gray Caldas, Newton Navarro e Ivan Rodrigues promovem
a primeiramostra moderna no Estado nos salões da CruzVermelha, em Natal.

No Maranhão, o Núcleo Eliseu Visconti, fundado em 1959 em São Luís, reunia artistas e intelectuais como Ferreira
Gullar,
LuciTeixeira, Floriano Teixeira, J. Figueiredo, LagoBurnett, Bandeira
Tribuzi com o intuito de renovar as artes na capital maranhense.

No Paraná, em 1940, à frente o gravador Poty Lazzarotto, esboça-se
a renovação da arte que culmina com a criação, emCuritiba,1948, da
Escola de Música e Belas Artes e a conseqüente revelação de, dentre
outros, o pintor Lóio Pérsio.
No Rio Grande do Sul, a fundação, em 1938, da Associação
Rio-Grandense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, em PortoAlegre,
desponta o talento pictórico deCarlos Scliar.
E
m
Minas Gerais, em 1944, sob os auspícios da Prefeitura de Belo Horizonte
e graças ao espírito empreendedor de Juscelino Kubistechek, então
prefeito, realiza-se a primeira apresentação da arte moderna no
Estado,
ao meio de grandes controvérsias, intensificandoa presença deGuignard
na cidade ea implantação oficial da arquitetura ousada de Oscar
Niemeyer. Surgem os nomes dos pintores mineiros Mário Silésio e
MariaHelena Andrés.


Enquanto isso, no Rio de Janeiro, funda-se o Núcleo Bernardelli,
presidido pelo pintor Edson Motta, em 1931, com o objetivo de imbuir os
integrantes ao modernismo, já que o ambiente artístico carioca
continuavaestritamente ligado à Escola Nacional deBelas Artes, apesar
dasnovas linguagens apresentadas no Salão de 1931.


Passaram pelo Núcleo, cujo nomehomenageava os artistas e
professores Rodolpho eHenrique Bernardelli, que anos antes haviam
manifestado publicamente repúdio à estagnação da arte
e
do ensino tradicional no Rio de Janeiro, Pancetti, Milton DaCosta,
Joaquim Tenreiro, Roberto Burle Marx, Bustamante Sá, João José Rescalla,
Rui Campelo, Takaoka, Cândida Cerqueira, Ado Malagoli dentre outros que
fizeram a transformação da arte no âmbito carioca.

O Núcleo Bernardelli, que teve esse pioneirismo de proporcionar
ao artista um contato de livre expressão com a natureza, manteve-se
ativo até 1939, quando então seus discípulos se dispersaram, muitos
deles já participando ativamente de salões de arte oficiais e
particulares obtendo significativas premiações. Conseqüentemente,
firmando-se na arte brasileira.
MUSEUS DE ARTE MODERNA. A BIENAL DE SÃO PAULO

Museus que na verdade não eram apenas repositórios de telas,
esculturas, desenhos e gravuras, mas onde se podia debater, aprender e,
obviamente, ver arte, como um centro integrado de cultura, dentro dos
conceitos museológicos que se iniciavam no Brasil. Principalmente
procurava-se definir o que era arte brasileira e a sua identificação com
a cultura do país.

A I Bienal Internacional de São Paulo, inaugurada em 1951, veio
suprir a lacuna, reunindo na capital paulista pintores, desenhistas e
escultores contemporâneos, ao mesmo tempo que proporcionava ao artista
brasileiro visão abrangente das linguagens recentes então em voga em
centros culturais do
“primeiro mundo”, como Londres, Tóquio e Nova Iorque.

Considerada uma das mais importantes bienais do mundo, ao lado da
Bienal de Veneza (criada em 1895), o certame brasileiro nasceu sob os
auspícios do industrial e mecenas Ciccillo Matarazzo como desdobramento
das atividades do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Na sua primeira versão, na Bienal Internacional de São
Paulo
figuravam nomes da mais alta significação da arte - Picasso, Fernand
Léger, George Rouault, Feininger, Alexandre Calder, Tolby, Lipchitz,
Carlo Carra, Magnelli, Ben Nicholson, Campigli, Morandi, Suherland e
Marc Rothko.

A representação brasileira contava com Maria Martins, Emiliano Di
Cavalcanti, Bruno Giorgi, Cândido Portinari, Lívio Abramo, Lasar
Segall, Vitor Brecheret e Oswaldo Goeldi, todos, com exceção da
escultora Maria Martins, figurativos na mais alta acepção. Aos veteranos
juntaram-se jovens e promissores artistas, tais quais Ivan Serpa,
Abraham Palatnik (com objeto cinético, ou seja, arte em movimento),
Geraldo de Barros e o naif Heitor dos Prazeres. O Prêmio de Melhor
Pintor Brasileiro ficou com Danilo Di Prete.
ABSTRACIONISMO

A escultura Unidade Tripartida, do suíço Max Bill, laureada na I
Bienal Internacional de São Paulo, instigou os brasileiros, que pela
primeira vez entravam em contato o concretismo, ao rigor formal e a uma
tendência em que “a pintura basta-se a si mesma, com elementos puramente
plásticos”, cuja influência ramificou-se por boa parcela deles. O
movimento concreto nacional aliava a poesia à arte e ao design.
Como queriam os artistas e poetas paulistas Waldemar Cordeiro,
Hermelindo Fiaminghi, Judith Lauand, Sacilotto, Mauricio Nogueira Lima,
Lothar Charoux, Alexandre Wolner e os irmãos Haroldo e Augusto de
Campos, o movimento realizou mostras em São Paulo e no Rio de Janeiro
agrupando artistas das duas capitais.
Os cariocas, porém, logo romperam com os paulistas e lançaram o Manifesto Neoconcreto em
1959,
no qual figuravam, liderados pelo poeta Ferreira Gullar, Amílcar de
Castro, Lygia Pape, FranzWeissmann, Ivan Serpa, Theon Spanudis, Reynaldo
Jardim. A lista seria acrescida com a adesão de Hércules Barsotti,
Osmar Dillon e Willys de Castro.

O Neoconcretismo, dizia o manifesto, “indica uma tomada de
posição em face da arte concreta levada a uma perigosa exacerbação
racionalista”.
O Concretismo e o Neoconcretismo preparavam o Brasil para as
próximas investidas em arte, agora bem fundamentadas para enfrentar os
novíssimos desafios que despontariam no final do século 20 e início do
seguinte.
Este texto fala de quando iniciou-se a Arte moderna,que revolucionou todo o conceito que existia sobre a Arte.Além de mostrar a grande diferença entre o modernismo,que enxerga a Arte através da espiritualidade e dos Acadêmicos, que defendem a estética como representação da Arte.No texto há algumas citações de revolucionários da Arte e seus estilos e formas.Alguns quadros belíssimos.
ResponderExcluiradorei é muito interessante a historia.
ResponderExcluirOlá, querido Hebert adoro olhar seu blog.Jamais o esquecerei,lembro de quando dançamos naquele encontro de professore fizemos o show.
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